
Durante a Idade Média a peregrinação começava na França, em Paris,em frente à Torre de Saint Jacques. A Torre existe até hoje ( restaurada, é claro)

Jacques é Jacob ou Tiago em francês. Em inglês é James.
Naquele tempo os peregrinos faziam o trajeto esperando receber o perdão dos pecados. Era um caminho cheio de perigos e muitos nunca chegavam a completá-lo.

O caminho que partia de Paris acabou sendo conhecido como o Caminho Francês ou a Ruta Jacobea.
Existem outros pontos para se iniciar a caminhada como: Portugal, Roma ou Inglaterra, porém o trajeto preferido dos peregrinos brasileiros começa em St Jean Pied de Port na França, na região Basca. Quem se aventurar pelos Montes Pirineus, 27 quilômetros depois, chega na cidadezinha de Roncesvalles, na Espanha.

Para muitos, Roncesvalles é o verdadeiro ponto de partida de uma caminhada de cerca de 800 quilômetros. São caminhos, trilhas e estradas, atravessando bosques, campos, cidades e povoados, até chegar à cidade de Santiago de Compostela, na Galícia.

Durante todo o percurso, existe uma infinidade de albergues destinados a atender peregrinos, onde em troca de uma pequena contribuição oferecem camas com colchões para o pernoite e também sanitários e chuveiros. Além dos albergues existem muitos hotéis e pousadas. Assim, lugar para dormir não é problema.
Existem até alguns albergues onde não cobram pelo pernoite.

Os dormitórios dos albergues são coletivos e quase sempre espaçosos com muitas camas beliche, uma ao lado da outra. O peregrino que pernoita em albergues precisa ter um sleeping bag para se abrigar melhor, pois as noites podem ser frias, dependendo da época do ano. Também não deve se importar com os roncos dos companheiros. Quem tem sono leve sofre!

Existe uma credencial, que deve ser providenciada antes de se iniciar o caminho. Será carimbada nos albergues, igrejas ou órgãos de turismo ao longo do trajeto. No final, será a prova de que fez a caminhada e que passou por todos aqueles lugares.
Chegando a Santiago, com a apresentação da credencial, recebe-se um certificado chamado Compostelana, que é uma espécie de diploma para provar que o Caminho de Santiago foi concluído a pé!

Alguns fazem o trajeto de bicicleta. Esses também tem o direito de pernoitar nos albergues e receber a Compostelana. O importante é que os últimos 100 ou 200 quilômetros tenham sido cumpridos a pé ou de bicicleta.

O “Camino” ( como é chamado na Espanha) está muito bem sinalizado por setas amarelas que apontam o rumo a seguir. As setas funcionam como guias e evitam que o peregrino erre a direção. Aparecem pintadas em pedras, no meio dos campos, em rochas, muros, árvores ou até no asfalto de rodovias, se for o caso.

Seguidamente existem marcos mostrando a quilometragem que falta até Santiago.Também tem marcos com uma vieira e uma seta. O que vem mostrar como o Camino é bem sinalizado.
Mesmo com a grande quantidade de pessoas fazendo o Camino, o peregrino pode passar muito tempo caminhando sem encontrar viva alma.

Quando é ultrapassado por outro mais apressado, pode escutar um:
“ Buenos dias’- Bon Jour” “Hello” “Gutten tag”, que revelam a nacionalidade de quem está passando.

Também há os que desejam “ Ultreya”, que é uma palavra latina “ mas alla de jubilo” que verbalisa alegria e significa “ para frente”. Outra palavra latina, muito usada é “ Suseya” , “para cima” – e tem o sentido de busca da realização de um objetivo.

Nesse grupo tem representantes da França Canadá, Estados Unidos, Alemanha e Brasil. Todas conseguiram se entender muito bem, trocando idéias em francês, inglês, alemão, português e deu certo!
Chegar ao fim da peregrinação e entrar na catedral é um ato de muita emoção. A praça do Obradoiro está sempre tomada por pessoas de todas as partes do mundo. Excursões chegam de ônibus trazendo fieis e turistas de todas as partes da Europa. Logo, esses se misturam aos caminhantes que chegam cansados e empoeirados.

Todos, como se atraídos por um imã, se encaminham em direção às escadarias da catedral.
O brilho no olhar dos peregrinos demonstra a felicidade de terem conseguido vencer tão grande desafio e a alegria de terminar a peregrinação.
Logo na entrada tem um pórtico denominado o Pórtico da Glória, com esculturas de Mestre Mateo, artista espanhol.