Todos os dias, cedinho, faço a limpeza no meu restaurante Boca Livre. Para quem ainda não sabe, o Boca Livre é aquele ponto de refeições que montei no meu alpendre e onde coloco vários pratinhos com frutas e sementes para alimentar os pássaros residentes nas árvores das redondezas e os que estão de passagem. (ver no blog de fevereiro de 2009).

Aparece de tudo: canarinhos, coleirinhas, sanhaços, rolinhas, gaturamos, sabiás, bemtevis e alguns que ainda nem consegui descobrir os nomes.

Toquei a campainha para dar o aviso que a comida estava pronta e fui sentar , escondida atrás de um arbusto florido, para não os assustar.

Examinou o prato que continha um pedaço de mamão e as bananas, mas não provou. Estufando o peito lançou um piado enérgico assim: tiiiú, tiiiú, e logo voou para um galho da árvore mais próxima.
Depois voltou para o prato e novamente examinou o conteúdo, mas nada comeu. Apenas gritou ”tiiiú” algumas vezes e voltou para o galho onde antes estivera. Como se atendendo ao chamado, logo apareceu outro bemteví. Examinou o prato, deu uma valente bicada no mamão e em seguida escapuliu. O outro, o chefe, continuava empoleirado no galho da árvore e com piados estridentes continuava participando que a mesa estava servida.

Naquelas alturas, eu já estava ficando cansada de torcer o pescoço tentando espiar sem ser vista e resolvi entrar para escrever a história.
A conclusão que a gente chega é que entre os animais e pássaros existe hierarquia, sim, e todos obedecem a sua vez.

Achei muito interessante ao me dar conta disso e compreendi que acontece principalmente com os pássaros grandes. Eles gostam de comer e de tomar banho sozinhos. Os pequenos são mais sociáveis e comem todo juntos no mesmo prato, isso quando as vorazes rolinhas não tentam tomar conta de tudo...
Amanhã de manhã todos eles estarão de volta, pois sabem que o Boca Livre é o restaurante deles.
Um abraço da Vovó Moina